Que atire a primeira pedra quem nunca se pegou assoviando ou cantarolando um tema de um game em qualquer lugar por aí. Toda mídia de entretenimento que envolva produções audiovisuais tem seus temas e trilhas sonoras marcantes, seja por um trecho específico ou pelo conjunto da obra, e com os games isso não é diferente. Mesmo sua mãe, que pode nunca ter jogado Super Mario Bros. na vida, reconhece a música tema de longe.

Nesse quesito, é seguro afirmar que as novas gerações não decepcionam quando se trata de trilhas sonoras. A variedade de estilos, bem como a acessibilidade a elas, faz com que a música nos games seja um fator determinante para seu sucesso. E é curioso pensar que, desde os primeiros games com músicas mais sintetizadas, elas conseguiam captar a atenção de seus jogadores, mesmo sem se notar.

Os famosos/infames botãozinhos
Vou ser justo: em meados dos anos 70 e 80, não havia como colocar uma orquestra sinfônica num game de 8-bits. E mesmo nos jogos que as possuíam, o que eram poucos até então, não havia a variedade que encontraríamos apenas uma geração depois. Então, como músicas feitas apenas em botõezinhos conseguiam cativar tanto?

Sem teorias mirabolantes, penso num motivo muito direto: simplicidade. Apesar da redundância, haviam limitações suficientes para não se pensar em trilhas realmente, o que de fato não era necessário para a diversão. Ainda assim, havia espaço para uma criatividade vista hoje em dia apenas em jogos indie, enquanto as grandes produtoras contam com suas orquestras e efeitos sonoros de encantar os ouvidos.

Seguindo de um ponto de vista mais técnico, mesmo estes sons mais limitados fazem parte da conquista do jogador por todos os sentidos. E os games, com sua capacidade imersiva muito maior do que outras mídias (sim, eles eram. Imagine você derrotar o Mike Tyson no primeiro Punch-Out! e saberá do que estou falando), precisam dar o clima certo para os jogadores.

Sobre Gêneros e Homenagens
Os gêneros de games são um excelente termômetro para avaliar a qualidade das trilhas sonoras. Enquanto o cinema atualmente busca trilhas cada vez mais genéricas, apenas adicionando um efeito dramático extra enquanto as imagens fazem o restante, os games continuam firmes e fortes ao utilizar suas músicas como um elemento extra em suas narrativas.

Vamos pegar exemplos alguns exemplos recentes e não tão recentes. Um dos pontos mais fortes de The Last of Us é sua trilha sonora, entregando toda a desolação e desesperança que seu universo apresenta com a infestação provocada pelo fungo Cordyceps. Mesmo os momentos de tensão são acompanhados de faixas que se aproximam mais do suspense do que da ação.

Apesar de ainda não ter jogado como merece (e podem me julgar por isso até eu resolver esse impasse), The Legend of Zelda é outro que sempre encantou por suas trilhas sonoras, e The Ocarina of Time é uma das mais referenciadas, seja nos momentos de batalha até os mais simples, como em uma visita a uma cidade ou área específica. Fiquem à vontade para citar os seus preferidos (o meu é Gerudo Valley).

Um dos pontos mais interessantes, porém, é quando os games se propõem a fazer pequenas homenagens em suas trilhas sonoras. Algumas perceptíveis, outras nem tanto. Por exemplo, Earthbound é uma ode de homenagens a vários elementos da cultura pop, e uma de suas faixas relembra o clássico Irmãos Caras-de-Pau. Veja que não estou mentindo:


Já Final Fantasy IV consegue ser bem mais sutil ao homenagear Star Wars em diversos pontos. Sobre isso, eu falarei num Papo de Gamer futuro; até lá ouça uma de suas faixas, tocadas logo no início do jogo, e depois ouça o tema da série de George Lucas, e repare como uma referencia a outra.



São estes pequenos detalhes que tornam a narrativa ainda mais intensa, e o game inesquecível.

Momentos Inesquecíveis
As músicas são responsáveis por trazerem os momentos mais marcantes dentro e fora dos games. Entre os jogadores mais experientes, quando lembramos de cenas ou momentos que nos marcaram nos games, a trilha sonora se fazia presente, a ponto de nos pegarmos cantarolando ou assoviando tempos depois, e não é sem motivo que orquestras como a VGO e a Video Games Live fazem tanto sucesso.

Vou deixar alguns dos meus preferidos em que a trilha sonora se fez marcante:

Jogando Street Fighter II pela primeira vez - Street Fighter II deve ter sido o primeiro jogo de luta de muitos da minha geração (tenho 23, só para constar) junto com Mortal Kombat, e para quem estava vislumbrado com toda aquela novidades, era impossível não lembrar de uma de suas músicas mais icônicas:


A fase do Gênio em Alladin - Vou ser honesto: não gosto deste filme da Disney, mas adorava o game, principalmente pelo desafio. E uma das fases que ofereceu este nível de desafio e diversão (para um gamer de 8 anos que não entendia muito do que estava acontecendo) foi na chegada do Gênio. “Friend Like Me” em sua versão instrumental de 16-bits até hoje diverte.


O Primeiro chefe em Super Bomberman - O Bomberman do Super Nintendo foi um dos primeiros jogos que joguei e terminei na vida (e desses é um dos que me lembro com maior nostalgia), e um dos momentos mais marcantes sem dúvida foi a primeira luta com os chefes de caras assustadoras e tamanhos descomunais. E a música que tocava na tela preta até a aparição do dito cujo é icônica.


Megaman X - Tudo, TUDO nesse jogo me encanta até hoje, de suas fases que mudavam conforme os chefes eram derrotados a dificuldade de determinados trechos. E seria uma injustiça escolher apenas uma faixa da excelente trilha sonora do game. Então deixarei a trilha completa para o seu deleite.


Castevania: Symphony of The Night: Bloody Tears
- Embora tenha jogado muito na minha adolescência com o PS1, confesso que não me lembro do trecho no game onde a intensa faixa tocava, mas pelo conjunto da obra que é Symphony of The Night, vale seu adendo. E não, para mim não há Castlevania melhor.



Abertura de Kingdom Hearts II - Demorou muito para adquirir um game da série no PS2, e foi uma grata surpresa ter a mesma sensação de estar jogando um Final Fantasy ao acompanhar a bela abertura composta por Utada Hikaru, e a partir daqui passei a aproveitar os games em seus minuciosos detalhes.


A chegada ao México em Red Dead Redemption - Este foi o momento mais recente. Não acompanho os games hoje em dia no momento em que são lançados, aproveitando o melhor da geração anterior pausadamente enquanto os novos games vão se provando válidos ou não. E ao jogar Red Dead Redemption, passei a ter um pouco mais de respeito pelos games da Rockstar, que consegue fazer mais do que histórias puramente polêmicas. A chegada ao México com a icônica “Far Away” é de arrepiar.


E depois de todo esse papo, eu te pergunto: qual o seu tema favorito? Deixe aí nos comentários.
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